Por que nossas crianças precisam de MENOS eletrônicos

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Por que nossas crianças precisam de MENOS eletrônicos

Sei que muitas famílias se sentem angustiadas a respeito deste assunto. É agora amplamente divulgado que o tempo excessivo que as crianças passam em frente a “telas” pode causar riscos reais ao desenvolvimento infantil. Mas o que fazer a respeito disso? Será que estamos informados o suficiente sobre os perigos da exposição excessiva ao mundo digital, algo que “no nosso tempo” não existia?

Nos últimos tempos, escolas e clínicos têm se dedicado a orientar as famílias sobre o tema. Em Porto Alegre, as psicólogas Aline Namba e Débora Fava promoveram no mês de setembro do último ano duas palestras apontando alternativas e descrevendo o cenário atual. O @vamoscriar participou de dois encontros, na ELO Psicologia e no Colégio Americano, e listou aqui os tópicos que você pode consultar para também aderir ao movimento por menos eletrônicos.

Por que é tão difícil limitar o uso de telas para as crianças?

Os pais também usam tecnologias de informação e comunicação em excesso (quando foi a última vez que você conseguiu ficar um único turno sem consultar o celular?).
É conveniente dar o telefone à criança em certas situações sociais (você já teve que ir a casamentos ou aniversários só com adultos e a criança se sentiu “entediada”….).
Cansaço físico e mental para brincar com os filhos (assim, as telas se tornam “alternativas para a paz” quando você precisa trabalhar ou quer descansar a cabeça após um dia cheio).

Porém, é preciso ficar atento às consequências do uso excessivo:

O excesso de estímulos eletrônicos pode causar atrasos do desenvolvimento, tanto na escola quanto sociais.
Causam ainda problemas de atenção e concentração, distúrbios do sono e influenciam na má alimentação (por exemplo, comer com a TV ligada aumenta a ingestão de comida, pois se faz no “piloto automático”.
Em casos mais extremos, pode gerar anedonia (a criança não sentir prazer em outras coisas, pois está viciada em consumir entretenimento digital) ou humor deprimido.
As crianças ficam ainda com a autorregulação emocional prejudicada (como no controle de impulsos) e irritabilidade extrema.

Dicas para ter alternativas ao uso de eletrônicos

OLHE para seu filho!
Seja uma companhia agradável.Programe um tempo na rotina para brincadeiras em família (nem que seja 20 minutos por dia, algo que é extremamente positivo)
Que tal criar cartazes da rotina com brincadeiras? Uma outra sugestão é envolver-se com as atividades do filho e com os amigos dele. O que gostam de fazer juntos?
Adote a política do “quarto de porta aberta”. Mantenha os eletrônicos no local de convivência da família. Não há nada pior do que dar o celular para o filho e ele se trancar no quarto tendo livre acesso e tempo ilimitado de uso

Cuidados especiais com o YouTube

Metade das personalidades mais influentes entre os adolescentes brasileiros são os youtubers. Eles têm uma relação mais constante com os jovens, gerando capacidade de engajamento e mobilização muito maiores. Produzem conteúdo original e divertido, respondem a comentários, interagem diariamente com a audiência, pedem sugestões de temas para os próximos vídeos.
Você sabe o que seu filho está consumindo? As crianças precisam de controle e fiscalização de conteúdos. Isso não é invasão! A tecnologia necessita de autodisciplina e autocontrole, comportamentos ainda em formação pelos filhos. Isso é papel dos pais.
O YouTube tem ainda muitos vídeos falsos (por exemplo: a criança pede no microfone do aplicativo “Mickey” e vem imagens violentas ou impróprias). Usar o YouTube Kids é uma boa ideia.

Lembre-se deste recado final

As psicólogas reforçam: as crianças são vítimas, não vilões. Conduzam essa interação com seus filhos. Proibir não é a solução, apenas dosar na medida certa. O papel dos pais é serem guias e mediadores dessa relação com a tecnologia. Os pais precisam colocar regras e horários para os filhos. Não existe um tempo limite, existe um bom senso e coerência na utilização.

Camila Saccomori
Camila Saccomori
Jornalista e mãe da Pietra, de 10 anos - a inspiração para a vida e a carreira! ❤️ Camila Saccomori trabalhou por mais de 20 anos no Grupo RBS como repórter e editora. Atua em projetos temáticos de famílias pela sua produtora de conteúdos @VamosCriar. Foi bolsista do curso "Primeira Infância para Mídia", da Columbia University (Nova York/2018). Mestre em Comunicação pela PUCRS. 🔊 AH, o sobrenome se pronuncia assim: SA-KO-MÔ-RI (mas não é japonês, é descendência italiana mesmo). 😅

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